Um grupo de mulheres catarinenses, há quase 20 anos, resolveu criar uma academia para exaltar a literatura. Mais tarde, incluíram crianças da periferia no projeto. Assim nasceu a Acali/SC (Academia Catarinense do Livro de Santa Catarina), presidida, desde a fundação, por Maria Dolores Oenning, com Ester Macedo na vice-presidência.
Ao todo, 22 mulheres fundaram a academia, que tem ainda um grupo de beneméritas formado por Alice Kuerten, Linda Koerich, Vera Kleinübing e Maria Angélica Colombo. Além disso, a cada novo encontro, o grupo traz convidados.

A fundação foi em 12 de novembro de 2003. Desde então, o grupo mantém saraus literários, reuniões com escritores, eventos comemorativos em datas especiais, como Dia das Mães e aniversário da academia, além de visitas à Flip (Festa Literária Internacional de Paraty).
No evento mais recente, no Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, as acadêmicas fizeram o tradicional evento de abertura do ano letivo. “Geralmente escolhemos um livro, ou como dessa vez, toda obra da Annie Ernaux, vencedora do prêmio Nobel de Literatura de 2022, e fizemos esse grande sarau no Dia da Mulher”, explica a presidente Maria Dolores.
Foi a partir de 2009 que as acadêmicas resolveram ampliar o projeto e criaram o Acalinha, que leva literatura a crianças da periferia catarinense dos 9 aos 13 anos. Milhares de crianças já foram impactadas e o efeito é multiplicador, pois famílias e comunidades também são beneficiadas.
“Fazemos uma espécie de mediação e leitura. Trazemos as crianças para um almoço, eles recebem livros e fazem um eio, sempre em lugares diferentes”, ressalta Maria Dolores. O evento mais recente, nesse modelo, foi apadrinhado por Judith Petrelli, mulher do presidente do Grupo ND, Marcello Corrêa Petrelli.
“O Acalinha sempre tem uma madrinha, que paga os livros, o almoço, e ajuda a trazer as crianças da periferia, dos projetos do Padre Vilson Groh, e a Judith foi convidada em 2022 para ser madrinha e acabou se integrando ao nosso grupo”, conta Maria Dolores.

Embora funcione como uma academia, a Acali/SC não tem uma sede. O endereço jurídico é no escritório de advocacia da presidente e os eventos sempre em locais públicos. Além disso, as acadêmicas não são necessariamente escritoras, mas mulheres apaixonadas por literatura.
Incentivo
“O grupo tem duas escritoras, Ester Macedo e eu, mas não é uma obrigação. O nosso objetivo, que inclusive consta no estatuto, é de exaltação à literatura. O foco também não é, por exemplo, arrecadar alimentos e doar às famílias, mas levar literatura para elas. Damos o incentivo para que leiam”, reforça Maria Dolores.
Ainda assim, a Acali/SC já produziu dois livros: uma antologia dos dez anos da Acali/SC, em 2013, e um livro comemorativo com textos das crianças, em 2015. “Cada criança recebeu um clássico da literatura, leu, e escreveu sobre as obras. Nós juntamos tudo e escrevemos o livro chamado ‘Acalinha’”, destaca Maria Dolores.
Organizando encontros que reverenciam a literatura catarinense, nacional e mundial, a Acali/SC faz mais e mais gente se apropriar dos benefícios da leitura. Num piscar de olhos, lá se vão duas décadas trazendo mais adeptos para o mundo dos livros.